
Assunção Gonçalves passou sua vida em busca da arte de todas as maneiras. Pintora, bordadeira e culinarista é apenas uma amostra do seu poder de síntese, ante as posibilidades artísticas existentes na região. Dona de um carisma inconfundível, desde cedo começou a pintar, quando ainda era menina e não parou mais. Suas obras podem ser encontradas desde as casas da região até países que a própria artista desconhece.
Em sua simplicidade, Assunção define sua obra como “garranchos que o povo dizia que estava ótimo”. Distante disso, pode-se observar uma artista autêntica da região que retrata em suas telas aspectos cotidianos de uma terra que ela se acostumou a ver em suas andanças e na vida percorrida no Cariri.
Na mesma parede repleta de telas pintadas e fotografias, existe uma pintura de Nossa Senhora de Fátima, que foi produzida logo após um sonho da artista: “Vinha uma bola branca que rolava, rolava e pousava nesta casinha que ficava enfrente a uma laranjeira que tinha aqui no quintal. Depois ela se transformava em Nossa Senhora de Fátima. Acordei, acendi o candeeiro, peguei a tela e fui pintar o sonho, seis horas depois eu estava com a tela pronta para ir para procissão”, lembra a artista, imprimindo um pouco de nostalgia ao depoimento.

Há 22 anos, Assunção Gonçalves não pinta mais. Teve problemas alérgicos às tintas que usava para compor a pintura. A pintura que retrata os três Juazeiros, foi reproduzida várias vezes, porém como a artista diz: “pintei muitas vezes, mas nunca igual ao anterior”.
Assunção fala de sua vida como um livro aberto. “Sou avó, bisavó e mais um bocado de coisas”, conta.
Em 2007, a Secretaria de Cultura e Turismo do Ceará – SECULT, ofereceu a Assunção o título de Tesouro Vivo da Cultura Cearense pelo conjunto de sua obra reconhecida por dois lados: o artesão, com a confecção de bordados e rendas; e as artes plásticas, através da pintura.
A impressão vivida por esta grande artista da região deixa claro o quanto já evoluimos em nossa breve existência na Terra. Incomparável no desprendimento com os fatos, Assunção deixou a mostra um tanto de sua vivência nos rumos artísticos da região. Mas, o melhor de tudo isso é a marca gravada em nossa lembrança de toda a cultura observada através do olhar de Assunção. Muito do que ela viveu não pôde ser lembrado no imediato momento de nossa entrevista, mas tudo o que vemos e ouvimos estava impregnado de uma incrível lucidez.
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